Olhos de Luar

Geizibel

Compositor: Carlos Colla / Gilson

Tião era um mulato forte
Alegre e destemido
Nasceu do amor feito na terra
Em meio à plantação

Pegava no cabo da enxada
E campeava o gado
Tristeza era coisa que não se via
Do seu lado

Depois da roça ia pra venda
Um copo de cachaça
Cantava, tocava viola
E fazia graça

O peito largo, o riso claro
Amigo dos amigos
Não tinha medo de ninguém
Zombava dos perigos

Um dia ele sentiu no rosto
Os olhos de luar da filha do patrão
E um doce amargo alegre e triste
Entrou no coração

Tião não era mais o mesmo
Desde que sentiu o brilho desse olhar
Sentiu pela primeira vez
Vontade de chorar

Mas o feitiço do olhar
Entrou feito veneno
O olhar da filha do patrão
No seu corpo moreno

Ah! Esse olhar tinha mais luz
Que o Sol do meio-dia
A tentação era mais forte
Ele não resistia

Um dia ela chegou mais perto
Um raio de esperança
Um homem, quando ama
Fica assim meio criança

E ele então falou de tudo
Aquilo que sentia
Pediu desculpas por amar assim
Quem não devia

E uma lágrima rolou
Dos olhos de luar da filha do patrão
Seu rosto branco avermelhou
Na força da paixão

Então o céu chegou na terra
Quando o amor existe fica tudo igual
E o amor aconteceu
No meio do canavial

Mas o orgulho do patrão
Ainda era mais forte
A honra se lava com sangue
Uma jura de morte

O fruto desse amor
Não pode ver a luz do dia
À noite, o som de um tiro
E um corpo cai na terra fria

Mas tudo que aqui se faz
Aqui também se paga
A mancha do sangue na terra
Nunca mais se apaga

Por sete anos, nada mais
Nasceu naquele chão
E a noite escureceu de vez
Os olhos do patrão

Mas quando é noite de luar
Tem gente que já viu em meio à plantação
Um negro levando
Um menino louro pela mão

Os dois correndo pelo campo
Vão deixando um rastro de luz sem igual
Um rastro de um amor
No meio do canavial

Um rastro de um amor
No meio do canavial

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